terça-feira, 5 de abril de 2016

Precisamos Falar Sobre o Kevin - We Need to Talk About Kevin

Título original: We Need to Talk About Kevin  

Ano de produção: 2011

Direção: Lynne Ramsay

Elenco: Tilda Swinton, Ezra Miller, Jasper Newell, John C. Reilly, Ashley Gerasimovich

Gênero: Drama

Sinopse:

Eva (Tilda Swinton) mora sozinha e teve sua casa e carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com um novo emprego e vive temorosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação vem de seu passado, da época em que era casada com Franklin (John C. Reilly), com quem teve dois filhos: Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) e Celia (Ashley Gerasimovich). Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando mas, mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.



 



Resenha:


Ontem foi dia de ver um filme que ouvi falar bastante sobre ele, demorei alguns anos para assisti-lo, mas o fiz, fiquei bem incomodada depois de ver todo o filme, uma sensação de angustia, desconforto, tristeza, de várias interrogações.


 Vivo uma fase bem diferente na minha vida, vivencio a maternidade, as dificuldades de ser mãe, as sensações únicas, medos, pensamentos de como será a vida do meu filho, quem será ele e principalmente a duvida de "estou fazendo isso certo?". Maternidade não é uma coisa simples, e ao ver esse filme me peguei imaginando "e se fosse comigo?" Não consegui responder de fato quais seriam minhas decisões, minhas reações, como iria lidar com o Kevin, não é algo simples, enxergar que seu filho não segue um padrão, não se parece ao comportamento esperado de uma criança. Não consegui responder muitas perguntas que me fiz.


Mas, falando sobre o filme em si, é uma adaptação do romance homônimo escrito pela norte-americana Lionel Shriver, na cena de abertura, vemos uma Eva feliz e logo corta para os dias atuais onde vemos uma Eva devastada, abatida, sem brilho, o filme vai sendo mostrado em flashbacks e aos poucos vamos entendendo o que acontece em sua vida, ao mostrar ela já casada e grávida, percebemos que não era um filho esperado e ao nascer ela se sente perdida sem saber o que de fato fazer da vida agora. Mas isso não imprime culpa a ela, muitos bebês não são panejados, muitas mães se sentem perdidas e muitas tem depressão pós parto. Isso não quer dizer que a culpa será apenas dela pelas coisas ruins que seu filho venha a fazer.


Já na primeira infância de Kevin percebemos o comportamento dele com a mãe, a diferença como ele se relaciona com o pai, já um pouco maior notamos os problemas entre mãe e filho aumentando, Kevin manipula os pais, com a mãe ele age impiedoso e duro, com o pai ele demonstra ser uma criança feliz e doce, seu pai constantemente ausente não percebe a natureza real de seu filho e sempre que Eva tenta falar sobre o comportamento de Kevin, ela é interrompida pelo esposo que sempre enxerga no filho virtudes. Não aceita nem sequer escutar o que a esposa diz.


As coisas pioram quando Eva engravida novamente, dessa vez de uma menina, uma menina totalmente diferente do Kevin, e ele passa a se retrair mais e planejar coisas contra a irmã, já adolescente, é mostrado uma cena onde some o bichinho de estimação da irmã Celia, e já sentimos que ele fez algo de ruim ao bichinho, depois disso só piora, ocorre um incidente com a menina, ela perde um dos olhos e a mãe tem certeza que Kevin foi o culpado, mas o pai outra vez se recusa a ouvir o que a mãe diz e acha um absurdo. Depois vemos o medo que Eva fica do filho, não deixa sua filha ficar sozinha com ele mais e vai nos dando uma angustia cada cena, o pai encorajando o filho, comprando arco e flecha e ajudando ele a se tornar bom nisso.


O que vemos no decorrer do filme é a tragédia anunciada, e o que fica pra mim sobre seus atos é que não temos como controlar a natureza de ninguém, nem mesmo de nossos filhos, a mãe por mais difícil que tenha sido a convivência, amava o filho e não sabia como agir até porque todas as vezes que tentou falar com o marido não foi bem interpretada, então muitas vezes não fez nada por medo de como seria vista.


É um filme forte, trágico, nos deixa uma sensação de angustia por dias, como cada um de nós lidaríamos com um Kevin? Será que teríamos culpa dele ser como é? Será que é a natureza dele e nada poderia mudar isso? Quanto de culpa seus pais tiveram? Perguntas que não serão respondidas, cada pessoa terá sua visão de por que as coisas aconteceram, mas o que vale realmente é esse filme ser assistido. Digerido, pensado.  

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